DESCOBRINDO O FORMATO DA TERRA
Não acredite em ninguém que lhe diga que as melhores mentes da Idade Média pensavam que a Terra era plana — fazia então quase 2.000 anos que sabíamos que ela não era assim. A pessoa a que temos de agradecer por esse conhecimento é o antigo matemático grego Eratóstenes, que fez tal descoberta sem sequer ter saído do Egito.
Ele notou, na cidade de Siena (atual Assuã), que o Sol pairava exatamente acima da cabeça das pessoas ao meio-dia no solstício de verão. Seu lance genial foi fazer uma medição da posição do Sol no mesmo instante do dia de um solstício de verão subsequente, em Alexandria, cidade situada a cerca de 800km de distância. Fincando uma estaca no solo e olhando para a sombra dela, ele pôde observar que ao meio-dia, ao contrário do que acontecia em Siena, a luz do Sol, na outra cidade, não incidia perpendicularmente sobre o topo da estaca, mas num ângulo de 7°. A razão desta diferença está no fato de que a superfície da Terra é curva, o que significa que a luz do Sol incide sobre cada cidade em ângulos diferentes.
Mas ele foi ainda mais longe. Raciocinou que, se uma distância de 800km de Alexandria fazia com que o ângulo formado pela sombra apresentasse uma diferença de 7°, ele poderia ampliar isso para saber a distância representada por 360° completos. Isso dá à Terra uma circunferência com pouco mais de 41.000km (aliás, como ele fez seus cálculos usando uma antiga unidade de medida de distância chamada “estádio”,* sua resposta foi algo próximo a 250.000 estádios). Seus cálculos ficaram entre 10-15% abaixo das modernas medidas do tamanho da Terra. Portanto, os gregos antigos não apenas já sabiam que a Terra era redonda, como também tinham muito boa ideia de quanto ela era grande.
ERATÓSTENES (256-194 A.C.)
Eratóstenes foi um dos primeiros polímatas [erudito, sábio muito instruído em várias áreas do conhecimento]. Além de seu trabalho sobre a circunferência da Terra, ele deu importantes contribuições à geografia, à música, à matemática e à poesia. Era tão respeitado que foi nomeado chefe da famosa Biblioteca de Alexandria, destruída depois por um incêndio proposital, mas que, no auge de seus dias de glória, foi um dos maiores repositórios de conhecimento do mundo na Antiguidade.
Com acesso a toda sorte de mapas e pergaminhos importantes, montou um mapa-múndi e o dividiu em zonas de acordo com o clima. Foi o primeiro a projetar uma grade cartográfica e a traçar meridianos, fornecendo as coordenadas geográficas de mais de 400 cidades. Graças a esse trabalho, é considerado por muitos o pai da geografia.
Talvez seu segundo feito mais expressivo tenha sido a invenção do crivo de Eratóstenes — uma tabela que identifica os números primos descartando os números cujo comportamento repetitivo significa que não podem ser primos (o número primo só pode ser dividido por dois outros — ele mesmo e 1). Como forma de homenageá-lo, pelo reconhecimento da importância de seu trabalho, uma cratera na Lua recebeu o seu nome.
É possível que certas pessoas conhecessem o formato da Terra, e talvez até o seu tamanho, antes mesmo dos contemporâneos de Eratóstenes. Afinal, durante um eclipse lunar parcial, a sombra da Terra é projetada sobre a superfície da Lua Essa sombra apresenta uma curvatura muito óbvia. Aliás, chegou-se aventar que um livro chinês, intitulado Zhou-Shu, continha o registro de um eclipse lunar ocorrido em 2000 a.C. Mas, com certeza, a peça teatral As Nuvens, do grego Aristófanes, menciona a ocorrência de um eclipse lunar no ano 421 a.C. Se pessoas de alguma dessas duas civilizações entenderam que aquilo que puderam observar foi causado pelo fato de que o nosso planeta impede que, nesse caso, a luz solar chegue à Lua, então elas devem ter percebido que a Terra não era plana.
Ele notou, na cidade de Siena (atual Assuã), que o Sol pairava exatamente acima da cabeça das pessoas ao meio-dia no solstício de verão. Seu lance genial foi fazer uma medição da posição do Sol no mesmo instante do dia de um solstício de verão subsequente, em Alexandria, cidade situada a cerca de 800km de distância. Fincando uma estaca no solo e olhando para a sombra dela, ele pôde observar que ao meio-dia, ao contrário do que acontecia em Siena, a luz do Sol, na outra cidade, não incidia perpendicularmente sobre o topo da estaca, mas num ângulo de 7°. A razão desta diferença está no fato de que a superfície da Terra é curva, o que significa que a luz do Sol incide sobre cada cidade em ângulos diferentes.
Mas ele foi ainda mais longe. Raciocinou que, se uma distância de 800km de Alexandria fazia com que o ângulo formado pela sombra apresentasse uma diferença de 7°, ele poderia ampliar isso para saber a distância representada por 360° completos. Isso dá à Terra uma circunferência com pouco mais de 41.000km (aliás, como ele fez seus cálculos usando uma antiga unidade de medida de distância chamada “estádio”,* sua resposta foi algo próximo a 250.000 estádios). Seus cálculos ficaram entre 10-15% abaixo das modernas medidas do tamanho da Terra. Portanto, os gregos antigos não apenas já sabiam que a Terra era redonda, como também tinham muito boa ideia de quanto ela era grande.
ERATÓSTENES (256-194 A.C.)
Eratóstenes foi um dos primeiros polímatas [erudito, sábio muito instruído em várias áreas do conhecimento]. Além de seu trabalho sobre a circunferência da Terra, ele deu importantes contribuições à geografia, à música, à matemática e à poesia. Era tão respeitado que foi nomeado chefe da famosa Biblioteca de Alexandria, destruída depois por um incêndio proposital, mas que, no auge de seus dias de glória, foi um dos maiores repositórios de conhecimento do mundo na Antiguidade.
Com acesso a toda sorte de mapas e pergaminhos importantes, montou um mapa-múndi e o dividiu em zonas de acordo com o clima. Foi o primeiro a projetar uma grade cartográfica e a traçar meridianos, fornecendo as coordenadas geográficas de mais de 400 cidades. Graças a esse trabalho, é considerado por muitos o pai da geografia.
Talvez seu segundo feito mais expressivo tenha sido a invenção do crivo de Eratóstenes — uma tabela que identifica os números primos descartando os números cujo comportamento repetitivo significa que não podem ser primos (o número primo só pode ser dividido por dois outros — ele mesmo e 1). Como forma de homenageá-lo, pelo reconhecimento da importância de seu trabalho, uma cratera na Lua recebeu o seu nome.
É possível que certas pessoas conhecessem o formato da Terra, e talvez até o seu tamanho, antes mesmo dos contemporâneos de Eratóstenes. Afinal, durante um eclipse lunar parcial, a sombra da Terra é projetada sobre a superfície da Lua Essa sombra apresenta uma curvatura muito óbvia. Aliás, chegou-se aventar que um livro chinês, intitulado Zhou-Shu, continha o registro de um eclipse lunar ocorrido em 2000 a.C. Mas, com certeza, a peça teatral As Nuvens, do grego Aristófanes, menciona a ocorrência de um eclipse lunar no ano 421 a.C. Se pessoas de alguma dessas duas civilizações entenderam que aquilo que puderam observar foi causado pelo fato de que o nosso planeta impede que, nesse caso, a luz solar chegue à Lua, então elas devem ter percebido que a Terra não era plana.
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